domingo, 30 de agosto de 2009

Autonomia e Criatividade




Para desenvolver a autonomia e a criatividade,em primeiro lugar, tento estabelecer laços entre eu e os alunos, procuro transformar a nossa sala de aula em um ambiente fraterno e acolhedor. Após isso descubro o que fazem de melhor, com essas informações, transformo as nossas aulas aliando o conteúdo com a realidade dos alunos, de acordo com suas habilidades. Eu parto do ponto de “o que eles sabem bem”, para “o que querem aprender” e junto com “o que temos que aprender”. Trabalho muito com pesquisas, em grupo, teatro, apresentações de trabalhos orais, desenvolvimento de projetos, leituras dramáticas, situações-problema (matemática na prática), opinião crítica sobre textos lidos e trabalhados, seminários e debates sobre temas diversos, comentários sobre notícias da atualidade, saraus poéticos, filmagens de “tele-jornais”... enfim tudo que possa desenvolver a oralidade, a expressividade, a autonomia e criatividade. Motivando os alunos para uma aprendizagem prazerosa.

Reflexão sobre o texto “O menininho”, de Helen Buckley.





Através da leitura do texto,pude perceber que "o menininho", não está tão distante da nossa realidade,que todos os anos, recebo alunos como o “menininho”, portanto todos os anos tenho novos desafios, é isto que me motiva., que move a minha prática. Saber que a escola foi limitando mentes brilhantes, apagando autonomia, bloqueando criatividades e condensando as crianças a receberem respostas prontas!...Quando vejo isso, sei que meu compromisso é bem maior, que aquele aluno não me foi confiado por acaso. Vejo que preciso conhecê-lo, criar afinidades e confiança para que possamos estabelecer uma relação de troca. Através disso devo propor atividades que o instigue, devo provocá-lo com novas indagações, transformando sua curiosidade em pesquisa e aprendizagem. As atividades devem levar em consideração as habilidades do aluno, respeitando os seus limites e promovendo um ambiente de liberdade, igualdade e fraternidade. Onde a criatividade, a autonomia e criticidade são as molas propulsoras para o conhecimento. É isso que faço, essa é a minha profissão.

Marcas pedagógicas


Ao refletir sobre as marcas que as práticas pedagógicas deixam em nossas vidas, nos constituindo enquanto indivíduos, percebi que gostaria de deixar marcas de amor, de perseverança...Que eles possam acreditar que podem tudo, como no poema “tudo vale a pena se alma não é pequena”. Que eles aprendam que eles são seres pensantes e atuantes na sociedade. Que não importam quais são as suas escolhas, desde que tenham força de caráter , fortaleza e grandeza de espírito para mantê-las. Que descubram que o bem maior é o que carregamos conosco, na nossa mente e em nosso coração. Que eles aprendam a valorizar toda e qualquer oportunidade. Que acima de tudo, respeitem a tudo e todos, conquistem seu espaço e deixem suas próprias marcas.

Início do semestre

É com grande alegria que inicio mais um semestre. Neste semestre aprenderemos mais sobre didática, línguas e linguagens, LIBRAS e Educação de Jovens e Adultos, além de aprimorarmos a prática do P A no seminário Integrador. Acredito que esse semestre será extremamente produtivo, principalmente para mim que quero amadurecer melhor as minhas idéias, melhorar as minhas reflexões, além de planejar melhor o meu tempo, me dedicando mais as aprendizagens e sendo pontual em relação as postagens. Por esse e outros motivos, não menos importantes, esse semestre será transformador!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Reflexão sobre o semestre...

Como não publiquei minhas expectativas e anseios anteriormente, gostaria de ressaltar que as aprendizagens superaram as minhas expectativas, pois foram atuais e me fizeram melhorar a prática.
Aprender sobre inclusão e diversidade, sobre argumentos, relações humanas...etc...nos trouxe uma oportunidade grande de revermos valores e buscarmos um conceito novo de educação.

Reflexão síntese sobre as aprendizagens do 1º semestre de 2009




PARTE A

O filme retrata cenas do cotidiano escolar em uma escola na França, embora apresente pessoas de diversas nacionalidades e com idades variadas, constata-se que não ficam tão distante de nossa realidade enquanto escola.
A cena que destaco é aquela em que o professor vai até o pátio da escola, dirigindo-se até as alunas (Louise e Esmeralda), delegadas de turma da sétima série e pede satisfações a elas, sobre as reclamações que fizeram dele para a direção da escola. As alunas falam de seus direitos de reclamar também, já que os professores também o fazem, reclamando dos alunos nos conselhos de classe. O professor argumentou que isso não funciona da mesma maneira e as alunas então respondem que querem sua punição, uma vez que se sentiram ofendidas por ele.
O professor tenta se retratar dizendo que não as chamou de vagabundas, mas que durante o conselho de classe, suas atitudes o levaram a utilizar este termo pejorativo.(...)
Com a confusão formada um aluno se envolve num caso de indisciplina e machuca acidentalmente uma colega(...)Após inicia-se uma discussão sobre a função do Conselho Disciplinar, pois os alunos querem saber se o colega Souleymane vai ser expulso por causa da briga na sala de aula, onde, acidentalmente, machucou a colega Khaumba.
Um aluno que já passou pelo Conselho Disciplinar na escola de onde veio, diz que o conselho não ajudou a mudar suas atitudes, chamando-os de “escrotos” os professores que expulsam os alunos.
Nesse momento o professor François se exalta e exige respeito, mas ele entra em contradição pois cobra respeito e não respeita seus alunos. O que o torna autoritário e sem moral para cobrar respeito.





2-Identifique os conceitos na cena e justifique sua escolha:

A cena escolhida mostra diversos conceitos abordados neste semestre.
As diferenças encontradas na sala de aula e os conflitos que são gerados por ela são os principais argumentos do filme. Que retrata uma proposta de uma escola que estabelece suas normas e diretrizes se apoiando em padrões de comportamento. Como estudamos as questões empíricas.
Os conflitos que ocorrem no filme mostram a reprodução na escola de uma sociedade excludente, onde as diferenças individuais não são valorizadas e o ensino é descontextualizado, ou seja, fora da realidade dos alunos. Ao contrário da interdisciplina Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, que abordava justamente a inclusão. Respeitando a individualidade, adaptando o currículo e avaliações.
A aprendizagem era mais significativa quando o professor fez a atividade de auto-retrato, onde cada aluno explorou suas possibilidades para a realização da tarefa, se envolvendo com interesse, pois estavam mostrando suas potencialidades, promovendo a criatividade e elevando sua auto-estima. Como as atividades de Ação e Sala de aula construtivista da interdisciplina de Psicologia.
A cena ainda mostra as diversas etnias que os alunos pertencem. O que gerava preconceitos, pois os alunos não identificavam como troca de experiência, talvez até por uma abordagem sócio-cultural-étnica, onde desconheciam as diferentes tradições e crenças desses povos. Para valorizar e respeitar, primeiro devemos conhecer. Por isso a importância de incluirmos no currículo as Questões étnico raciais no ensino básico.
O conceito de Autonomia está implícito na cena em que as delegadas de turma vão por conta própria fazer queixa do professor Marin a direção da escola, e também quando interpelam o professor no pátio da escola se colocando em igualdade de direitos. O professor François Marin tem sua moral abalada, pois exige respeito do aluno Carl, entretanto, faltou com respeito no momento em que se refere a suas alunas como vagabundas.
A turma demonstrou cooperação quando enfrenta o professor em defesa do colega Souleymane, que deverá passar pelo Conselho Disciplinar sendo certamente punido com a expulsão. Neste momento evidenciam o senso moral, pois acreditam que assim como respeitam o professor também mereciam ser respeitados e passam a ver as atitudes do mesmo em relação ao colega de maneira negativa gerando o enfrentamento.
No filme vemos que o uso de sanções e punições para fazer com que os alunos cumpram as regras, o que me remeteu ao texto de Jaqueline Picceti, “Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança?”. Com essas medidas, os alunos se revoltavam cada vez mais, provocando sempre conflitos. Os alunos não tinham liberdade para expressarem seus sentimentos, não tinham oportunidades de discutirem sobre as questões de seu cotidiano.

3-Considerando as aprendizagens construídas nas Interdisciplinas, as reflexões postadas no Blog Portfólio de Aprendizagens, as vivências escolares e os conceitos identificados, produza uma análise crítica da cena, apresentando argumentos acompanhados de evidências recortadas da mesma.
O filme “Entre os Muros da Escola” mostra o dia-a-dia de uma escola francesa contemporânea. O filme enfoca o professor Marin que é dedicado mas tem como desafio a resistência à cultura escolar por parte de seus alunos. Muitos são os conflitos naquela turma composta por muitos alunos vindos de famílias imigrantes. Esses conflitos são muitos em sala de aula, envolvendo Marin e seus alunos e, muitas vezes, os próprios alunos entre si. Conflitos esses que poderiam se repetir em qualquer escola do mundo. Por isso a necessidade de aprendermos novos conceitos, novas teorias sobre inclusão e respeito à diversidade. Foi isso que aprendemos nesse semestre. Tivemos a chance de repensarmos a nossa prática, revendo conceitos e valores. Compreendendo e analisando as relações entre professor-aluno, as questões que envolvem a disciplina, a ética e a aprendizagem, numa abordagem construtivista, inclusiva e de respeito étnico-cultural. Aprendemos novos caminhos que nos levam a uma educação que prime pela igualdade, fraternidade e liberdade.
Comparo as aprendizagens do filme “Entre os muros da escola” me remeto a outros filmes que assistimos, um para as atividades de filosofia de Filosofia , “O clube do Imperador” , outro “A História de Peter”. Todos estão inclusos num mesmo quesito de moral, disciplina e inclusão porém com contextos diferentes. No segundo,o professor Hundert acreditava que poderia modificar o caráter de seus alunos, colocando-os no caminho certo. No terceiro a professora mostrou avanços quando, entre outras coisas, colocou aspectos de disciplina em Peter.
Enquanto professores buscamos sempre o melhor, tentando contemplar a diversidade que encontramos na sala de aula propondo atividades que sejam do interesse dos alunos e que estejam contextualizadas na sua realidade.


PARTE B
Escolha dentre as postagens do Blog de Portfólio de Aprendizagens, a que melhor evidencie as suas aprendizagens no Eixo VI. Não se esqueça de colocar o link para a postagem.
Este semestre nos proporcionou um elo entre todas as interdisciplinas. Assistindo ao filme “Entre os Muros da Escola”, pude detectar um pouquinho de cada situação vivida em cada interdisciplina durante o semestre.
Tive dificuldades de escolher uma postagem, pois a aprendizagem é constante. Vou descorrer sobre duas postagens, uma que “Saímos dos muros da escola”, pois através das atividades propostas na interdisciplina questões étnicos-raciais, pude ter um embasamento teórico e aprender sobre as diferentes culturas. Isso me instigou para que fosse além do currículo escolar com meus alunos. Realizamos visita a aldeia indígena, que mostrou que na realidade somos todos “iguais”, apesar das diferenças, pois a vida na aldeia se assemelhava a dos alunos, apenas diferindo em aspectos de língua e crenças. Os alunos puderam comparar passado e presente, eles socializaram aprendizagens e eu aprendi junto com eles. Da mesma forma foi o seminário de 13 de maio, onde os alunos e eu aprendemos com palestras, oficinas e projetos de aprendizagem sobre o tema. Foi extremamente prazeroso e significativo o conhecimento adquirido. Apesar da interdisciplina das questões étnicas, ser a propulsora dessas ações, destaco que todas as interdisciplinas foram igualmente significativas, pois todas contribuíram para melhorar a minha prática.
Outra postagem que me refiro foi da interdisciplina de Psicologia, que falava da sala de aula construtivista, pois proporcionou uma reflexão significativa em torno de nossa prática. Confesso que me reconfortou, pois acredito que estou no caminho certo. A interdisciplina trouxe a teoria para minha prática me qualificando.
Esse semestre fez com que compreendêssemos que é necessário reconhecer que existem formas diversas de estarmos no mundo, que exigem novos posicionamentos em relação à diferença e, que aprender a conviver com a diferença é contribuir também na formação da vida do sujeito. Por isso cabe a nós professores, irmos além da transmissão de conhecimentos e fazermos da nossa sala de aula um ambiente desafiador, baseado na cooperação, na solidariedade e no respeito às diferenças. Os nossos ideais de educação devem ser , como já me referi anteriormente, como as palavras descritas na bandeira da França: “Liberdade, Fraternidade e Igualdade”.


http://portifoliodeaprendizagem156712.blogspot.com/2009/08/questoes-etnicos-e-aprendizagem-pelas.html


http://portifoliodeaprendizagem156712.blogspot.com/2009/08/sala-de-aula-construtivistaprofessor.html





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

PICETTI, Jaqueline. Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança?

Filme analisado: Entre os Muros da Escola (“Entre les Murs”), de Laurent Cantet. Haut et Court, França, 2008.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Atividade de recuperação parte 1

Comentário sobre os Blogs



O Portfólio de Aprendizagens é um instrumento pedagógico que permite uma avaliação do processo de aprendizagem. Nele estão contidos os registros e reflexões acerca da aprendizagem alcançada. Através dele socializamos aprendizagens, expomos nossas dúvidas, dificuldades e superações.
O Portfólio de Aprendizagem é um espaço único e individual que serve como uma espécie de “Raio X” das aprendizagens dos alunos.
O primeiro Portfólio que analisei foi o “Portfólio156857” de Catiane Vargas do Pólo de Três Cachoeiras. A primeira impressão foi muito agradável pois seu Blog está organizado e sem muita poluição visual ( principalmente sem excesso de gif’s). Avaliei principalmente as atividades realizadas ao longo desse ano, que somam onze ao todo. Percebi logo na primeira postagem desse ano que o marcador da interdisciplina estava com o nome da interdisciplina errada, ao invés de “Necessidades Especiais” constava “Educação Especial” e “Inclusão especial”, creio que seja necessário identificar com o nome correto da interdisciplina, para que as atividades não se percam. Percebi, também, que mesmo com os comentários, não havia reformulação da atividade. Ela poderia ter explorado melhor seu portfólio, um exemplo disso ocorreu no mês de abril onde havia cinco postagens, dessas quatro eram da mesma interdisciplina e dessas quatro, três eram sobre uma mesma atividade ( Estádios de Desenvolvimento da interdisciplina de Psicologia II). Algumas dessas postagens ela relacionou a teoria com a prática. Faltou em algumas postagens argumentos objetivos ou aprofundamento dos argumentos. Um exemplo foi a seguinte postagem: “Preconceito e Descriminação...
Em nossas instituições educacionais hoje, ainda encontramos muitos preconceitos de gênero, etnia, etc., como, por exemplo, quando as crianças colocam apelidos maliciosos uns nos outros, chamando alguém de negrinho, pretinho, gordinho, seco, bujãozinho, cabelo de Bombril, ou quando recusa sentar ao lado de alguém...
Para acabar ou minimizar esta discriminação e preconceitos, precisamos trabalhar com o intuito de conscientizar nossos educandos de que em nosso país existem distintas culturas, etnias, histórias que devem ser respeitadas por todos os indivíduos.
Deste modo, estaremos atenuando estes preconceitos e discriminações, modificando então as relações entre os sujeitos, tornando a escola um espaço sócio interativo, onde formaremos cidadãos respeitam as diferenças.”
Acredito que ela poderia exemplificar com exemplos de sua sala de aula, com ações de seu cotidiano.
O outro Blog escolhido para comentar foi o“recantodealvorada.blogspot.com”, da colega Izolete de Alvorada. Percebi que a colega realizou muitas postagens, com um aprofundamento teórico bem embasado, conseguiu realizar comparações com a sua prática, onde demonstrou que na maioria de seus textos havia evidências e argumentos. Um exemplo é a postagem:
“TROCA DE SABERES
Inspirada em Paulo Freire, “Não há saber mais ou saber menos. Há saberes diferentes!” na semana passada, em comemoração ao dia do trabalhados, eu e uma colega de 4ª série planejamos um momento bem especial para nós enquanto educadoras e também para nossos alunos e os pais destes .Além de trabalharmos algumas curiosidades e especificidade de algumas profissões em sala de aula com leituras, registros e pesquisas, convidamos os pais dos alunos para participar da nossa aula, cada um poderia expor sobre sua profissão, contando aos alunos experiências profissionais vividas por eles.Juntamos as duas turmas e fizemos a composição da mesa onde 2 mães sendo uma higienizadora do hospital de clinicas, outra mãe é funcionaria do sindicato dos funcionários da Caixa Federal e um pai é metalúrgico.Cada um dos pais colocou para nós professores e para os alunos suas experiências profissionais onde os alunos ouviram com muita atenção e interesse, fazendo questionamentos e se posicionando adequadamente diante dos palestrantes. No final das falas dos pais presentes eu fiz algumas colocações explicando o objetivo daquele nosso encontro, expliquei ao grupo todo que eu e minha colega só poderíamos falar por experiência própria da profissão de educadora, mas que decidimos saber mais, ouvir experiências de trabalho vivenciadas por outras pessoas e daí surgiu o convite aos pais, pois eles teriam outros saberes a acrescentar aos nosso saberes e assim nosso trabalho se tornou imensamente mais rico no sentido de vivencias e experiências, não ficando só em teorias e registros em cadernos.”
Ela evidencia a sua aprendizagem na prática, pois sabe que o conhecimento só é possível através de trocas entre aluno e professores, de acordo com os ensinamentos de psiclogia, onde ressaltava o construtivismo e questões epistemológicas, além de tudo ela agrega a sua prática a teoria de Paulo Freire.

Acredito que esse portfólio me fez refletir melhor sobre a importância de um blog bem elaborado. Falhei muito em meu blog.
Após realizar as visitas nos blogs , refletir sobre algumas questões e comparar com o meu, constatei que meu Blog defasado, pois não tinha noção real do que era um portfólio. Relatava algumas aprendizagens, mas não todas. Não reformulava as atividades mesmo com intervenção dos professores. Algumas postagens estavam sem argumentos e sem relação da teoria com a prática.
Essa reflexão foi de extrema importância, pois de agora em diante vou valorizar mais esse espaço de avaliação que nos permite ver o progresso acadêmico e intelectual, essa metamorfose que estamos vivendo.

Ainda sobre inclusão



A inclusão é um caminho sem volta, mas não sem dúvidas e desafios.
Inserir alunos com déficits de "toda a ordem" no ensino regular é garantir a todos uma educação como descreve a nossa Constituição.
Hoje a escola tem o compromisso de ensinar a todos que de forma histórica sempre foram deixados de lado. A inclusão da "diferença" requer uma análise crítica do nosso contexto econômico e político que a educação brasileira vivencia.
Assim sendo existem os EJAs, os que tem dificuldades de aprendizagem, os superdotados, os que estão em risco social e os "eficientes" que não aceitam a inclusão.
A inclusão escolar remete à escola uma estrutura a ser pensada, criada e repensada, pois ainda está arraigada no modelo empirista.
A inclusão é movimento internacional que defende uma sociedade justa e educacional para todos, privilegiados, marginalizados, crianças, jovens, adultos, idosos, deficientes ou não. Alguns componentes básicos para que a inclusão funcione:

rede de apoio;
família e escola;
escola-clínica-sociedade;
professores capacitados;
trabalho em equipe.
Uma nova educação é possível, como a “construção de tendas”, a “rede de interação”, enfim o ideal.

IDÉIAS PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA ASSOCIADA À INCLUSÃO ESCOLAR



Ao refletir sobre a leitura de alguns textos na recuperação do fórum de Educação de pessoas com necessidades educacionais especiais, agrego minhas idéias a dos autores e escrevo esse ensaio:


A dificuldade de identificação dos sujeitos com necessidades especiais e as criticas aos mecanismos excludentes da escola, contribuíram para a criação do movimento de inclusão. Movimento esse que tem colaborado para uma discussão sobre os limites da escola e para a necessidade de mudanças eficazes. Essas transformações necessitam de investimentos e dependem de projetos político- pedagógicos que dêem suporte às mudanças legislativas.
Ao compararmos a educação com as metáforas do edifício e da tenda, ajuda-nos a refletir sobre as redes que formam a educação e a construção do processo educativo como um todo, compreendendo os desafios da educação, repensando a prática e percebendo a educação como uma construção lenta, apesar do avanço das leis. Uma das provas disso é o Plano Decenal de Educação, que entrou em vigor em 1993, foi um dos principais fatores da reforma educacional ocorrida no Brasil em meados de 1990 . As atribuições apresentadas nessa reforma refletem na organização da educação brasileira, principalmente a partir da Lei n. 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira).
A “tenda” concentra a possibilidade de uma “montagem” que contemple as diferenças, constituindo-se em contínuas montagens, contínuas transformações...como a educação inclusiva.
Como percebemos nas citações anteriores, política educacional é política pública. São os governos que definem, organizam e colocam em prática (ou pelo menos tentam..) as mudanças nessa área. As políticas educacionais se relacionam à realidade social. A escola inevitavelmente apresenta funções políticas e sociais. Na Gestão, o enfoque é dado à descentralização, sendo a escola um eixo de gestão administrativa e financeira. Os gestores são considerados os professores que, assim como a escola, serão os responsáveis pelo fracasso ou sucesso desta política. Contudo, a inclusão aparece com uma nova visão de escola, agora sob o aspecto do respeito às diferenças, assim oportuniza-se educação diferente para camuflar as diferenças sociais. Modificando o papel do Estado, até então um Estado burocratizado e provedor, para um Estado mínimo para prover, mas máximo para regular e gerenciar. Com a descentralização do Estado ocorre a municipalização, fato que compromete o crescimento e a qualidade do ensino. O governo, ao definir o professor como gestor, indica a formação docente como elemento principal para a mudança na escola.
A reforma educacional no Brasil, ao longo do tempo tem como principais marcos à gestão, o financiamento, a avaliação, a formação de professores, o currículo e a inclusão.
Ao discutirmos sobre a inclusão, através do enfoque de educação especial, devemos considerar os diversos aspectos que a compreende, como: a relação e prática pedagógica, as transformações educacionais, as políticas públicas e, sobretudo, acredito que o ponto revelador, o atendimento aos sujeitos com necessidades educacionais especiais.
Necessitamos de uma educação que esteja embasada na cooperação e o no diálogo. Precisamos, obviamente rever os processos avaliativos e torná-los mais flexíveis, bem como o planejamento de ações. Devemos considerar uma valorização dos professores e dos alunos. E, devemos enfatizar as interpretações associadas à inclusão, como um processo de construção de movimentos históricos, de crescimento dos direitos sociais e de investimentos nos serviços educacionais.
Dessa maneira, a prática avaliativa deveria levar em consideração as especificidades de cada sujeito, tendo-as como aspectos favorecedores da aprendizagem. A avaliação deve ser processual, participativa, contínua, diagnóstica e investigativa, tendo como referencial as idéias de grandes pensadores como Paulo Freire, Vygostsky e Piaget.
O professor tem papel fundamental nessa nova versão de gestão, por isso deve atualizar e investir na sua formação. A formação essa que deve estar voltada para uma prática inclusiva.
Não é possível medirmos o conhecimento, mas sim investigar as ferramentas que o sujeito utiliza no processo de construção do conhecimento, é preciso que nós, professores, questionamos os critérios, os instrumentos, as intervenções que estão em jogo no processo avaliativo. Avaliar não esquecendo o processo de construção do conhecimento que é complexo, coletivo e individual.
Precisamos ficar alertas para os perigos da inclusão. Existe um debate que evidencia o despreparo da escola e o avanço de um “edifício didático”, com pilares construídos sobre “blocos de Empirismo”. Devemos renegar o “edifício” e difundir a construção de “tendas”. A “tenda” possibilita um ideal que contemple as diferenças, constituindo-se em contínuas construções e infinitas transformações...
A organização por ciclos tem como vantagem a flexibilidade do tempo, o currículo e a avaliação, por sua vez, a organização em séries tem como um de seus principais problemas a inflexibilidade de tempo, do currículo e da avaliação, levando a altos índices de fracasso na escola e, também, a evasão. Porém, ao final de cada ciclo essa inflexibilidade reassume o processo ensino-aprendizagem, levando, a muitos, o fracasso.
A avaliação deve ser mediadora, construída com bases na interação, no diálogo e troca entre professores e alunos, transformando-os em participantes dos processos avaliativos. Os professores também se tornam aprendizes do processo de desenvolvimento de seus alunos. Necessitamos encontrar uma maneira de utilizar os processos avaliativos como potencializadores das aprendizagens e inclusão escolar. Como uma ferramenta pedagógica capaz de auxiliar na resignificação de aprendizagens, trazendo a tona as habilidades do sujeito. O processo avaliativo tendo como foco à diversidade, a transformação, os imprevistos; a avaliação da aprendizagem como um meio e não um fim e, nesse contexto, é composta pela teoria e pela prática, sendo um recurso facilitador da crítica e da ação conjunta do fazer pedagógico.
Para que haja realmente as modificações curriculares, conforme Lenise Henz Caçula Pistóia (A Rede de Interações como Concepção Pedagógica: alternativas no espaço da sala de aula com alunos em situação de desvantagem), desde o planejamento até a avaliação é preciso saber e reconhecer que existem formas diversas de estarmos no mundo, que exigem novos posicionamentos em relação à diferença e, que aprender a conviver com a diferença é contribuir também na formação da vida do sujeito. Por isso cabe a nós professores, irmos além da transmissão de conhecimentos e fazermos da nossa sala de aula um ambiente desafiador, baseado na cooperação, na solidariedade e no respeito às diferenças. Os nossos ideais de educação devem ser como as palavras descritas na bandeira da França: “Liberdade, Fraternidade e Igualdade”.








BIBLIOGRAFIA:
1) Inclusão e seus sentidos: entre edifícios e tendas. BAPTISTA, Cláudio. Inclusão e escolarização: múltiplas perspectivas. Porto Alegre: Mediação, 2006.
2) MICHELS, M. H. Gestão, formação docente e inclusão. Revista Brasileira de Educação.Vol. 11, n. 33, 2006, p. 406-423
3) "A Rede de Interações" , de Pistóia (2002), A Rede de Interações.pdf
4) Avaliação e Inclusão Escolar: Desafios, Conflitos e
Possibilidades?, Christofari (2006). Avaliação Escolar Conflitos e
possibilidades.pdf

Os índios no Brasil



“O termo parente não significa que todos os índios sejam iguais e nem”.
semelhantes. Significa apenas que compartilham de alguns interesses
comuns, como os direitos coletivos, a história de colonização e a luta
pela autonomia sociocultural de seus povos diante da sociedade global.
Cada povo indígena constitui-se como uma sociedade única, na medida
em que se organiza a partir de uma cosmologia particular própria que
baseia e fundamenta toda a vida social, cultural, econômica e religiosa
do grupo. Deste modo, a principal marca do mundo indígena é a diversidade
de povos, culturas, civilizações, religiões, economias, enfim,
uma multiplicidade de formas de vida coletiva e individua.”(Gersen dos Santos Luciano)

No Brasil, como em outros países os índios são os reais herdeiros das terras as quais hoje tentam bravamente manter suas tradições e culturas perdidas ao longo do tempo.
Desde a época dos grandes desbravadores, como Pedro Álvares Cabral e Cristóvão Colombo, os índios já habitavam essas terras que supostamente “foram descobertas”.
Com o passar dos anos, os índios foram desaparecendo pelas doenças, guerras e a própria cultura tão diferente trazida pelo branco.
“Índios x povos indígenas. Índio sinônimo de natural do lugar nativo”. Devemos diferenciá-los. Índio não é igual a povo indígena. Assim como o povo chinês, o russo, o alemão, o japonês, o americano, o português,o francês, o africano, o italiano, o sueco, etc... São diferentes povos, com diferentes crenças, línguas e culturas diversas.
É função da escola promover o desenvolvimento de aprendizagens que propiciem e instigue a busca de conhecimentos sobre a diversidade étnico-culturais-indígena, rituais, danças, crenças, comidas e outras formas de culturas e tradições. Precisamos refletir sobre a cultura indígena valorizando-a pela sua contribuição na formação da identidade brasileira, numa construção crítico-social, eliminando preconceitos ainda condensados na nossa sociedade.
Infelizmente, tem escolas que só lembram dos índios no dia 19 de abril. “Me dói na alma” ao ver colegas que subjugam essa data em pintar as crianças, cantar musiquinhas ...e não abordam temas reais e atuais. Por isso achei fundamental a visita que minha escola fez em uma aldeia indígena, utilizando a vida de uma determinada tribo para comparar com a realidade dos alunos. O que serviu de comparação também para o estudo e pesquisa de outras tribos, sempre levando em conta o passado e o presente.
Precisamos educar para vida, com respeito aos povos e suas culturas e para isso é necessário que saibamos diferenciar índios de indígenas, ancestrais de ancestralidade... Nunca esquecendo o valor de cada um para a formação do todo.


Referência bibliográfica:

Gersen dos Santos Luciano O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos. Brasília, 2006.
Gersen dos Santos Luciano “Os Índios no Brasil: quem são e quantos são”, http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo6/etnico_raciais/os_indios_no_brasil.pdf (

Consciência e atitude

Além do conhecimento da cultura e o respeito pelas etnias. Devemos incluir as questões étnicas no currículo para acabar com o preconceito e com uma cultura seletista e excludente. Que vão desde os apelidos em sala de aula até ataques terroristas...violências desmedidas porque os povos não se aceitam...não se respeitam. É nosso dever como professores, formadores de opinões, mostrarmos cultura de valores, de igualdade, fraternidade e liberdade. Como diz o poema que trabalhei com meus alunos, de Sérgio Vaz, da linha da poesia marginal:
Consciência e atitude
“Que a pele escura não seja escudo para os covardes que habitam as senzalas do silêncio, porque nascer negro é conseqüência... ser é consciência!”

Questões étnicos e a aprendizagem pelas diversas culturas que são a nossa identidade






Ao estudar as questões étnico-raciais significa compreendemos que cada indivíduo é único, ou seja, todos somos diferentes e cada um de nós tem o seu valor , suas dificuldades e suas potencialidades. Devemos ser respeitados por isso. Basta vermos a riqueza da cultura afro, suas danças, seus ritos, sua alimentação, enfim, tudo que nos contagia. A partir do conhecimento destes fatos pelas nossas crianças e jovens, todos aprendem através das culturas, formam opiniões e produzem conhecimentos através das diferenças. Por respeitar essas culturas e querer difundir nos alunos o respeito ao próximo, e a riqueza cultural de diversos povos e etnias, destaco que as atividades que realizei com meus alunos fora dos muros da escola foram as mais significativas e geraram aprendizagem. As atividades foram à visita à aldeia indígena e o seminário sobre 13 de maio. Essas duas culturas indígena e africana foram vivenciadas pelos meus alunos, que se identificaram muito com elas, pois somos elas. Graças às teorias da interdisciplina Questões Étnico-raciais, tive embasamento para aproveitar ao máximo essas atividades e aliar vivência com aprendizagem.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sala de aula construtivista...Professor construtivista




Ser construtivista é acreditar que o conhecimento não é transmitido de uma pessoa para outra, mas construído através da atuação do próprio indivíduo sobre o que deve ser conhecido. Essa atuação consiste em observar, explorar, pesquisar, comparar, relacionar, discriminar, levantar hipóteses, concluir, posicionar-se... Ser construtivista implica em considerar o que o aluno já vivenciou e já conhece sobre determinado conteúdo, estabelecendo metas que resultem em uma ampliação de seu conhecimento inicial.
O professor construtivista acredita no poder da informação como forma de ampliar o conhecimento do aluno. Ser construtivista é trabalhar sempre com desafios que permitam ao aluno ir além do que sabe, fazendo-o buscar soluções que superem sempre as já conhecidas. Ser construtivista é oferecer ao aluno oportunidades de respostas, caminhos e soluções variadas e criativas, estabelecendo entre eles a troca das muitas possibilidades do pensamento. A criança constrói o conhecimento a partir de suas descobertas, quando em contato com o mundo e com os objetos. Por isso o trabalho de educar não é transmitir conteúdos, mas a favorecer a atividade mental do aluno.
Por tudo isso, creio que a atividade realizada contemplou de todas as maneiras o significado de construtivismo.

Refletindo sobre aprendizagem

Durante toda nossa vida aprendemos...desde que nascemos! Cada aprendizagem é única e necessária, nem que seja para dizer que não nos serve.
Na nossa vida, aprendemos de duas maneiras: pelo amor ou pela dor!
Pelo amor é a aprendizagem prazerosa, sem gritos, na paz, na harmonia...
A aprendizagem pela dor é aquela que envolve sofrimento, dor, mágoas...ou aquela que damos muitas voltas para chegar ao óbvio, aquela difícil de aprender, de interiorizar.
Jesus nos ensinou pelo amor. Nós, professores, acredito que na sua maioria (E eu preciso acreditar nisso!), ensinamos pelo amor...porém quando o aluno não aprende, apelamos pela dor, ou seja a aprendizagem repetitiva, gritando, barrando os recreios, as brincadeiras...confesso que tenho extrema dificuldade de ensinar pela dor! Mas não sou santa, já utilizei esses meios.
Relatar uma aprendizagem que seja significativa é muito difícil, pois valorizo e prezo tudo que aprendi . Tudo é necessário e importante seja para o amadurecimento, crescimento moral ou intelectual, enfim. Escolhi para o meu relato uma aprendizagem que está latente e durante quase dois anos é diária: Ser mãe.
Como citei antes faz quase dois anos que adotei um menino, que se chama William e hoje tem nove anos. Eu, até então, nunca tinha tido essa experiência e precisei aprender muito. Na prática!
A adoção não foi uma coisa planejada. Desde que eu decidi, até o momento que ele veio, definitivo, se passaram uma semana e três dias. Foi tudo “meio sem pensar”, era uma necessidade do momento. Quando a criança veio realmente para ficar, pensei: E agora? Que faço? E fui aprendendo com os dias.
Foi muito difícil no início, pois ele chegou em uma hora que estava bastante atarefada, tive que abrir mão de algumas coisas, coisas importantes para mim, mas era muito mais importante a atenção que ele precisava. Como não estava tudo legalizado, não tive nem um dia de licença do trabalho. Contei com a solidariedade de algumas pessoas até achar um lugar para ele ficar enquanto trabalhava. Como ele chegou no “meio do mês”, estava com pouco dinheiro, ele veio só com a roupa do corpo, tive que comprar tudo, desde roupas, brinquedos e até o material escolar. Como ainda não havia feito frio, não tinha comprado roupas de inverno, mas logo na primeira semana, o tempo mudou e a partir do início da tarde esfriou, fiquei desesperada no meu trabalho sem saber o que fazer, não demorou, uma amiga me ligou dizendo que havia comprado uma jaqueta pro William e que ele já estava com ela, foi mágico, bem na hora, sem ninguém saber da minha angustia, só pode ser coisa de mãe mesmo. Com isso mais uma vez aprendi que nunca estamos sós!
Assim fomos vivendo e aprendendo a cada dia eu com ele e ele comigo. Não é uma tarefa fácil, mas também nunca achei que seria, porém é gratificante, principalmente quando crescemos.
Como ele já veio no ano que completaria oito anos, já tinha toda uma vida antes, precisei de muito amor e disciplina, e ainda preciso. Com a experiência de professora, eu sabia identificar muito bem quando os pais estragavam uma criança, usei tudo isso como exemplos que intitulei de “coisas que não se deve fazer” e os exemplos de mães que eu admirava, tentei me inspirar nelas.
Não me arrependo do que fiz, pelo contrário, mesmo tendo agido por impulso acredito que tomei a melhor decisão, ver ele feliz, crescendo saudável e progredindo é muito gratificante.
Não sei se sou uma boa mãe, mas minhas intenções são as melhores possíveis. A aprendizagem é diária e constante. Mas é intensa! É generosa!
Não quero chegar adiante me culpando por ter deixado de fazer, por isso vivo todo instante educando, amando, cobrando, ...sobretudo aprendendo com aquele ser que de uma forma ou de outra me foi confiado!









Desenvolvimento Moral




Ao ler o texto de Jaqueline Picetti, Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança?, reportei-me para as minhas experiências que envolviam desenvolvimento moral e foi inevitável relacionar com a minha chegada na Vila Iguaçu, lugar onde fica minha escola. Quero afirmar que é possível uma transformação,por isso quero dividir essa minha experiência para que outros educadores a tenham como referência e que não percam a fé na vida futura. Tudo é possível quando amamos e acreditamos...



Este relato se inicia muito antes de eu conhecer o espaço onde iria exercer minha profissão. Já na prefeitura ao assinar minha nomeação uma funcionária me alertou sem muitos rodeios, de que eu não fazia idéia do lugar onde iria lecionar, fazendo referência à criminalidade. Para não me perder no primeiro dia, resolvi conhecer o local e ao pedir informações sobre a localização (coincidentemente para um vigilante), este se prontificou a me escoltar até a escola, me orientando para jamais andar sozinha naquelas redondezas à noite pois já passava um pouco das dezenove horas. Já fiquei um pouco apreensiva mas nada que ofuscasse o meu contentamento por ter sido chamada no concurso público.
Para falar de moralidade na sala de aula, me reporto ao ano de 2006 quando ingressei na rede municipal do município de Novo Hamburgo. Foi então que aconteceu o “divisor de águas” da minha carreira profissional, onde também fortaleceria a certeza de que meu trabalho realmente vale a pena pois antes trabalhava durante sete anos no “pacato” município de Nova Hartz.
Já no primeiro dia lecionando na Vila Iguaçu em Novo Hamburgo, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Vereador Arnaldo Reinhardt, houve uma mudança radical na minha vida. Antes de entrar na sala de aula o sentimento foi horrível; os alunos se empurrando, se chutando e se ofendendo com palavrões já na fila. Logo que adentramos uma menina subiu na classe e disse: - “Sai daqui! Eu quero a minha professora do ano passado! Vou quebrar toda a sala que nem quebrei no ano passado. Esses demonhos (sic) de colegas, quero matar todo mundo!”
Os colegas prontamente reagiram. Um deu um tapa nela e outro a ofendeu também. Tive que segurar um aluno e colocá-lo no seu lugar, e disse: -“Querida. Eu já vi que você está aqui. Tua professora devia ser muito amada mas agora eu estou aqui. Quero primeiro que me conheças antes de não gostar de mim. Não peço que me ames, mas sim que me respeite. Se quiser me amar também aceito.”
Acho que os colegas gostaram da resposta pois a maioria sorria tão bonito para mim que guardo comigo até hoje a lembrança daqueles sorrisos. Como se não bastasse tudo que havia acontecido, a escola não havia providenciado as cópias de que precisava para dar a aula e foi necessário improvisar. Mas como acredito que estava muito bem amparada e intuída, lembrei-me de uma mensagem própria para aquele momento intitulada “Notas Breves” de Francisco Cândido Xavier que eu havia decorado para uma apresentação, trabalhamos aquele texto durante a tarde e elaboramos até um cartaz que ficou exposto meses na sala. Eram palavras providenciais para aquele momento. Tanto que até hoje as utilizo no primeiro dia de aula das novas turmas. Podemos dizer que a primeira crença está ligada a uma concepção de que o ambiente imprime na pessoa o modo de ser e de se comportar, isto é, uma concepção empirista, acreditando que há uma pressão das coisas sobre o espírito e considerando a experiência como algo que se impõe por si mesmo, não havendo necessidade da atividade do sujeito (Piaget, 1987). Vi que apesar da agressividade eles se interessavam em fazer as tarefas, exceto um menino que não havia feito nada e já se aproximava o final da aula. Quando cheguei perto dele, ele levantou jogou seu caderno no lixo dizendo: - “Essa porcaria de caderno!” Eu quis intervir... mas ele logo me interrompeu dizendo: - “Eu não gosto de ti, eu não vou fazer nada contigo, eu gosto da Patrícia, a minha outra professora!” Eu pensei, “de novo não!” Logo deu o sinal e eles saíram todos correndo freneticamente, menos uma menina que veio me dar um beijo e disse: - “Eu gostei de ti e da aula. Não liga pra eles... Eles são assim mesmo!”
Fui para casa chorando, apavorada pois nunca tinha visto tanta agressividade de perto; pensei até que haviam me “presenteado” com aquela turma já que eu era nova na escola. Mas eu não podia recuar, não iria desistir assim de um concurso público. Comecei analisar e refletir sobre todos os aspectos daquela aula e vi que não era nada comigo, não era pessoal. Eram carências, carências de tudo; material, afeto, dignidade, etc. lembrei-me que desde cedo aprendi que na vida só existe dois caminhos: o da dor e o do amor. E foi isso que fiz! Já na aula seguinte iniciei falando sobre esses dois caminhos e que a escolha era de cada um. No caminho do amor, as nossas aulas seriam agradáveis, a aprendizagem seria constante... no caminho da dor as aulas seriam repreensivas , com “castigos”, bilhetes e outras intervenções chatas que fossem necessárias. Mas eu já havia decidido que seria pelo amor (eles não sabiam...). Cada vez que acontecia um ato agressivo, nós conversávamos no geral sobre respeito, direitos e deveres. Com base nesta referência, é possível afirmar que as crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental (7 – 10 anos) estão construindo as noções de justiça, solidariedade, intencionalidade e responsabilidade. Esse processo tem características peculiares que incidem no comportamento. Durante essa construção, é importante que o professor esteja atento aos acontecimentos, pois ele poderá auxiliar as crianças a refletirem sobre as diferentes situações vivenciadas na escola (Jaqueline Picetti).
Como haviam vários segmentos religiosos na sala, falávamos também dos exemplos de Jesus. O nosso cartaz de regras era de apenas uma frase de Jesus: “Faça aos outros somente aquilo que gostar que os outros façam a você! Foi um trabalho de persistência e paciência, mas as mudanças foram acontecendo aos poucos. Eu os tratava com muito carinho e eles me tratavam como uma rainha. Ainda precisavam melhorar com os colegas... Haviam aulas em que eu trabalhava mais moral do que o conteúdo. Comecei a adaptar os textos de Português que trabalhava cuidando para que tivessem uma moral em suas conclusões. Na Matemática, trabalhamos com situações-problemas que tinham relação com a realidade das crianças, para que aprendessem a conhecer quem eram seus colegas. Aos poucos a turma foi se unindo de uma maneira tão notável que eram ótimos os progressos no comportamento e até na aprendizagem. Aquela menina que chamou minha atenção no primeiro dia... que queria quebrar tudo... continuava desferindo palavras de baixo calão, porém se aquietava logo que recebia um abraço. Era como se o abraço fosse o “botão de desliga”. Descobri que tudo que eles queriam era carinho, proteção, amor e oportunidades... coisas básicas que não tinham em casa e eu tentava suprir nessas quatro horas que passávamos juntos. Nos envolvemos de tal forma que progredi junto com a turma no ano seguinte. Foi maravilhoso...
Saímos dos muros da escola, vencemos um Festival Estadual de Esquetes Teatrais e apresentamos na Feira do Livro de Porto Alegre. Agora o nome da vila não aparecia apenas nas páginas policiais; mas nas páginas culturais com ênfase e para orgulho de toda a comunidade. A turma obteve 99% de aprovação e a maioria hoje está na 6ª série. Com freqüência alguns aparecem na escola para falar comigo. Foi uma troca muito grande onde eu ensinei o amor e eles me ensinaram a repensar minha prática valorizando ainda mais os objetivos de ser uma professora para a vida em todos os sentidos.

Charge de Kant

Nas minhas pesquisas descobri essa charge que faz uma brincadeira sobre a teoria de Kant. Abaixo segue a tradução já que o texto esta em francês:




Kant:"- O homem deve acreditar no homem!"

Deus:"-Boa idéia!Vai me dar um feriado!"

Quem foi Kant?








Ao refletir sobre as teorias de Kant, senti necessidade de me aprofundar mais e saber quem foi esse filósofo. Após as pesquisas quero dividir as aprendizagens com vocês.

Immanuel Kant ou Emanuel Kant (Königsberg, 22 de Abril de 1724 — Königsberg, 12 de Fevereiro de 1804) foi um filósofo alemão, geralmente considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna, indiscutivelmente um dos seus pensadores mais influentes. Depois de um longo período como professor secundário, começou em 1755 a carreira universitária ensinando Ciências Naturais. Em 1770 foi nomeado professor catedrático da universidade de Königsberg, cidade da qual nunca saiu, levando uma vida monotonamente pontual e só dedicada aos estudos filosóficos.Realizou numerosos trabalhos sobre ciência, física , matemática ,etc.
Kant operou, na epistemologia, uma síntese entre o Racionalismo continental (de René Descartes e Gottfried Leibniz, onde impera a forma de raciocínio dedutivo), e a tradição empírica inglesa (de David Hume, John Locke, ou George Berkeley, que valoriza a indução).
Kant é famoso sobretudo pela elaboração do denominado idealismo transcendental: todos nós trazemos formas e conceitos a priori (aqueles que não vêm da experiência) para a experiência concreta do mundo, os quais seriam de outra forma impossíveis de determinar. A filosofia da natureza e da natureza humana de Kant é historicamente uma das mais determinantes fontes do relativismo conceptual que dominou a vida intelectual do século XX. No entanto, é muito provável que Kant rejeitasse o relativismo nas formas contemporâneas, como por exemplo o Pós-modernismo.
Kant é também conhecido pela filosofia moral e pela proposta, a primeira moderna, de uma teoria da formação do sistema solar, conhecida como a hipótese Kant-Laplace.


(Fonte Wikpédia)

Interagindo com Kant e Adorno





De acordo com Kant, “o homem é aquilo que a escola faz dele”. Adorno defende a idéia de que “a sociedade é estruturada de acordo com o interesse de cada um, contra os interesses do todos os demais. Fazendo uma reflexão entre os dois, nós professores, devemos ter como objetivos que podemos conscientizar nossos alunos para que mude esta sociedade individualista. Através de ações que promovam a autonomia, a crítica e a interação entre o aluno e o mundo, utilizando-se de todos os recursos necessários para isso, associando aprendizagem com vivência e intelecto com moral. Oportunizando espaços de expressão aos nossos alunos, promovendo debates sobre questões da sua realidade e buscando cada vez mais novos recursos, aliando também conhecimento com tecnologia.

Ainda refletindo sobre o texto de Adorno...O poder da educação


Como educadores, somos formadores de opiniões e transformadores da realidade. Sabemos, porém, que o processo de construção do conhecimento depende de muitos fatores, entre eles estão as intervenções da família, seus valores sociais , culturais e morais, ou seja a bagagem que cada indivíduo carrega, onde suas informações e experiências são elaboradas. Mas, cabe a nós o papel de instigar e fomentar em nossos alunos o prazer da aprendizagem, da crítica e autonomia. Quando acolhemos nosso aluno nesse processo estamos transformando, esse é o nosso poder incondicional como professores. Acredito muito que o passo mais importante para que haja mudanças é que realmente se acredite no poder da educação, na mágica que pode ocorrer na vida de um ser humano se ele for tocado em sua sensibilidade, pelo seu professor. Se todos acreditarmos nisso e no potencial de nossos alunos o mundo seria bem melhor e a educação estaria na sua essência.

Reflexões sobre o ensaio de Theodor Adorno



A partir do texto de Adorno passo a acreditar ainda mais em uma educação que contemple a autonomia, a expressão de idéias e a criticidade. Compreendo a importância de uma educação voltada à valorização da reflexão e do humanismo.Onde o nosso aluno estabeleça laços entre ele e a sociedade em que vive, sendo consciente nas suas escolhas e participativo na transformação.
Segundo o Ensaio de Adorno, o que levaram os indivíduos a serem coniventes com o nazismo e a barbárie foi o nacionalismo exagerado levando o indivíduo a um estado de inconsciência capaz de aderir a práticas sádicas vinculadas a um coletivismo destrutivo. O indivíduo manipulado, passa a acreditar no “consciente coletivo”, ficando cegamente orientado pelos princípios determinados pelo poder e supremacia de autoridades externas e superiores. Ao escrever as palavras acima, me reportei à sala de aula, onde surgem líderes que podem tanto ter influência negativa ou positiva dentro das turmas e por vezes, os alunos aderem a esses líderes tornando a sala uma bagunça ou motivando a turma para crescimento.
A autonomia deve ser encarada como solução para evitar que a barbárie se repita. A força contra o princípio destrutivo está na reflexão e na auto determinação dos indivíduos para se contraporem a qualquer supremacia coletiva que vise manipular as massas promovendo a anticivilização. Por isso é tão importante trabalharmos a criticidade e autonomia em nossos alunos, para que sejam autênticos e saibam se posicionar frente às situações da vida, não aceitando tudo quieto e sendo conivente com situações que não concordem.
Na educação é que se encontra a chave para a transformação social. Por isso, nossa tarefa de educadores é de extrema responsabilidade para evitar tragédias como a de Auschwitz.. Infelizmente, tragédias como essa precisaram acontecer para haver uma transformação moral, reflexões para que isso nunca mais ocorra. Que a violência na escola possa ser extinta também, é só conscientizar os alunos, usando os próprios erros do passado. Chega de barbárie!

domingo, 2 de agosto de 2009

Reflexão sobre a atividade de recuperação


Ao refletir sobre o real significado do Portfólio de Aprendizagens, percebi que até então não havia dado a importância que ele merecia, ou melhor não havia entendido o seu real significado. Só agora compreendi que ele é um instrumento pedagógico que permite uma avaliação do processo de aprendizagem. Nele estão contidos os registros e reflexões acerca da aprendizagem alcançada. Através dele socializamos aprendizagens, expomos nossas dúvidas, dificuldades e superações.
O Portfólio de Aprendizagem é um espaço único e individual que serve como uma espécie de “Raio X” das aprendizagens dos alunos.
Após realizar as visitas em dois blogs , refletir sobre algumas questões e comparar com o meu, constatei que meu Blog está defasado, pois não tinha noção real do que era um portfólio. Relatava algumas aprendizagens, mas não todas. Não reformulava as atividades mesmo com intervenção dos professores. Algumas postagens estavam sem argumentos e sem relação da teoria com a prática.
Essa reflexão foi de extrema importância, pois de agora em diante vou valorizar mais esse espaço de avaliação que nos permite ver o progresso acadêmico e intelectual, essa metamorfose que estamos vivendo.