quarta-feira, 12 de agosto de 2009

IDÉIAS PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA ASSOCIADA À INCLUSÃO ESCOLAR



Ao refletir sobre a leitura de alguns textos na recuperação do fórum de Educação de pessoas com necessidades educacionais especiais, agrego minhas idéias a dos autores e escrevo esse ensaio:


A dificuldade de identificação dos sujeitos com necessidades especiais e as criticas aos mecanismos excludentes da escola, contribuíram para a criação do movimento de inclusão. Movimento esse que tem colaborado para uma discussão sobre os limites da escola e para a necessidade de mudanças eficazes. Essas transformações necessitam de investimentos e dependem de projetos político- pedagógicos que dêem suporte às mudanças legislativas.
Ao compararmos a educação com as metáforas do edifício e da tenda, ajuda-nos a refletir sobre as redes que formam a educação e a construção do processo educativo como um todo, compreendendo os desafios da educação, repensando a prática e percebendo a educação como uma construção lenta, apesar do avanço das leis. Uma das provas disso é o Plano Decenal de Educação, que entrou em vigor em 1993, foi um dos principais fatores da reforma educacional ocorrida no Brasil em meados de 1990 . As atribuições apresentadas nessa reforma refletem na organização da educação brasileira, principalmente a partir da Lei n. 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira).
A “tenda” concentra a possibilidade de uma “montagem” que contemple as diferenças, constituindo-se em contínuas montagens, contínuas transformações...como a educação inclusiva.
Como percebemos nas citações anteriores, política educacional é política pública. São os governos que definem, organizam e colocam em prática (ou pelo menos tentam..) as mudanças nessa área. As políticas educacionais se relacionam à realidade social. A escola inevitavelmente apresenta funções políticas e sociais. Na Gestão, o enfoque é dado à descentralização, sendo a escola um eixo de gestão administrativa e financeira. Os gestores são considerados os professores que, assim como a escola, serão os responsáveis pelo fracasso ou sucesso desta política. Contudo, a inclusão aparece com uma nova visão de escola, agora sob o aspecto do respeito às diferenças, assim oportuniza-se educação diferente para camuflar as diferenças sociais. Modificando o papel do Estado, até então um Estado burocratizado e provedor, para um Estado mínimo para prover, mas máximo para regular e gerenciar. Com a descentralização do Estado ocorre a municipalização, fato que compromete o crescimento e a qualidade do ensino. O governo, ao definir o professor como gestor, indica a formação docente como elemento principal para a mudança na escola.
A reforma educacional no Brasil, ao longo do tempo tem como principais marcos à gestão, o financiamento, a avaliação, a formação de professores, o currículo e a inclusão.
Ao discutirmos sobre a inclusão, através do enfoque de educação especial, devemos considerar os diversos aspectos que a compreende, como: a relação e prática pedagógica, as transformações educacionais, as políticas públicas e, sobretudo, acredito que o ponto revelador, o atendimento aos sujeitos com necessidades educacionais especiais.
Necessitamos de uma educação que esteja embasada na cooperação e o no diálogo. Precisamos, obviamente rever os processos avaliativos e torná-los mais flexíveis, bem como o planejamento de ações. Devemos considerar uma valorização dos professores e dos alunos. E, devemos enfatizar as interpretações associadas à inclusão, como um processo de construção de movimentos históricos, de crescimento dos direitos sociais e de investimentos nos serviços educacionais.
Dessa maneira, a prática avaliativa deveria levar em consideração as especificidades de cada sujeito, tendo-as como aspectos favorecedores da aprendizagem. A avaliação deve ser processual, participativa, contínua, diagnóstica e investigativa, tendo como referencial as idéias de grandes pensadores como Paulo Freire, Vygostsky e Piaget.
O professor tem papel fundamental nessa nova versão de gestão, por isso deve atualizar e investir na sua formação. A formação essa que deve estar voltada para uma prática inclusiva.
Não é possível medirmos o conhecimento, mas sim investigar as ferramentas que o sujeito utiliza no processo de construção do conhecimento, é preciso que nós, professores, questionamos os critérios, os instrumentos, as intervenções que estão em jogo no processo avaliativo. Avaliar não esquecendo o processo de construção do conhecimento que é complexo, coletivo e individual.
Precisamos ficar alertas para os perigos da inclusão. Existe um debate que evidencia o despreparo da escola e o avanço de um “edifício didático”, com pilares construídos sobre “blocos de Empirismo”. Devemos renegar o “edifício” e difundir a construção de “tendas”. A “tenda” possibilita um ideal que contemple as diferenças, constituindo-se em contínuas construções e infinitas transformações...
A organização por ciclos tem como vantagem a flexibilidade do tempo, o currículo e a avaliação, por sua vez, a organização em séries tem como um de seus principais problemas a inflexibilidade de tempo, do currículo e da avaliação, levando a altos índices de fracasso na escola e, também, a evasão. Porém, ao final de cada ciclo essa inflexibilidade reassume o processo ensino-aprendizagem, levando, a muitos, o fracasso.
A avaliação deve ser mediadora, construída com bases na interação, no diálogo e troca entre professores e alunos, transformando-os em participantes dos processos avaliativos. Os professores também se tornam aprendizes do processo de desenvolvimento de seus alunos. Necessitamos encontrar uma maneira de utilizar os processos avaliativos como potencializadores das aprendizagens e inclusão escolar. Como uma ferramenta pedagógica capaz de auxiliar na resignificação de aprendizagens, trazendo a tona as habilidades do sujeito. O processo avaliativo tendo como foco à diversidade, a transformação, os imprevistos; a avaliação da aprendizagem como um meio e não um fim e, nesse contexto, é composta pela teoria e pela prática, sendo um recurso facilitador da crítica e da ação conjunta do fazer pedagógico.
Para que haja realmente as modificações curriculares, conforme Lenise Henz Caçula Pistóia (A Rede de Interações como Concepção Pedagógica: alternativas no espaço da sala de aula com alunos em situação de desvantagem), desde o planejamento até a avaliação é preciso saber e reconhecer que existem formas diversas de estarmos no mundo, que exigem novos posicionamentos em relação à diferença e, que aprender a conviver com a diferença é contribuir também na formação da vida do sujeito. Por isso cabe a nós professores, irmos além da transmissão de conhecimentos e fazermos da nossa sala de aula um ambiente desafiador, baseado na cooperação, na solidariedade e no respeito às diferenças. Os nossos ideais de educação devem ser como as palavras descritas na bandeira da França: “Liberdade, Fraternidade e Igualdade”.








BIBLIOGRAFIA:
1) Inclusão e seus sentidos: entre edifícios e tendas. BAPTISTA, Cláudio. Inclusão e escolarização: múltiplas perspectivas. Porto Alegre: Mediação, 2006.
2) MICHELS, M. H. Gestão, formação docente e inclusão. Revista Brasileira de Educação.Vol. 11, n. 33, 2006, p. 406-423
3) "A Rede de Interações" , de Pistóia (2002), A Rede de Interações.pdf
4) Avaliação e Inclusão Escolar: Desafios, Conflitos e
Possibilidades?, Christofari (2006). Avaliação Escolar Conflitos e
possibilidades.pdf

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