domingo, 20 de dezembro de 2009

Modelos de letramento


Existem dois modelos de letramento um autônomo e outro ideológico.
No modelo autônomo, as práticas do uso da escrita na escola seguem uma concepção que leva em conta a competência individual que é utilizada apenas como forma de promover e aprovar os alunos, deixando de lado a função social da mesma. Nesse modelo a escrita é um mero produto pronto, sem estar arraigada ao contexto, representando uma ordem diferente de comunicação, distinta da fala.
O modelo ideológico, estabelece que as práticas letradas são determinadas pelo contexto social e nas instituições em que foram criadas, levando em consideração a pluralidade e a diferença, procurando identificar as características entre práticas orais e práticas letradas.

Refletindo sobre letramento


Na opinião de alguns autores, a oralidade e a escrita não são extremas, nem toda escrita é formal e planejada, nem toda oralidade é informal e sem planejamento.
Precisamos pensar o processo de aquisição da escrita como um processo contínuo do desenvolvimento lingüístico da criança, substituindo a quebra que ocorre no cotidiano da prática escolar.
As práticas letradas realizadas pela família ou em instituições como a igreja, são práticas essenciais onde o conhecimento sobre a escrita é construído coletivamente pela colaboração dos indivíduos de um determinado grupo. Por esta razão faz mais sentido valorizar o ensino da escrita na escola priorizando o que há de comum e de semelhante entre oralidade e a escrita; ampliando assim sua função social.

Fala-se/escreve-se/lê-se sempre do mesmo jeito? Que diferenciações podem ocorrer em relação à fala ou à escrita?

Análise do Texto: LEITURA, ESCRITA E ORALIDADE COMO ARTEFATO CULTURAIS de Maria sabel Dalla Zen e lole Faviero Trindade

Não, a fala e a escrita não são fixas. O principal objetivo da linguagem é a comunicação que é construída pela sociedade e transmitida culturalmente. Ou seja seu uso social.
O aprendizado fora da escola é muito mais intenso, pois a linguagem da escola nem sempre é motivadora, de encontro à realidade e “necessidade” do aluno e portanto acredito que nem sempre se fala, escreve e se lê do mesmo jeito, quando o aluno lê adquire cultura e quando escreve demonstra seu conhecimento. Na passagem da oralidade para a escrita, deve-se levar em consideração o que os alunos já sabem ao chegar à escola, a suas práticas letradas.
Fala e escrita são funções da linguagem mas tem suas diferenças como quando as crianças pertencentes a culturas letradas vão se desenvolvendo e interagem com a escrita começando então a descobrir outra maneira de dar significado ao que se fala. Entre a fala e a escrita encontram-se processos de construção diversos a começar pela diferença entre grafia e som.
Dalla Zen e Trindade explicam que tanto a fala, quanto à escrita e a leitura sofrem alterações constantes, sendo que essas alterações aparecem dependendo do grupo social a que cada indivíduo vive, na fala, dependerá também do público que irá nos ouvir.
Costa (1997) faz uma crítica às concepções tradicionais psicológicas, chamando-as de neutro, a-social e a-histórico por não respeitar a visão própria e autônoma do letramento.
Já Soares (1998, p. 39) confirma o que diz no texto de Dalla Zen e Trindade: “Letramento é estado ou condição de quem não só sabe ler e escrever, mas exerce as práticas sociais de leitura e de escrita que circulam na sociedade em que vive, conjugando-as com as práticas sociais de interação oral”.

Conclusões sobre o filme “O Menino Selvagem”


Uma criança que recebe o diagnóstico de surdez se tiver os estímulos do meio, o atendimento adequado, o apoio da família com certeza será capaz de interagir, de fazer parte da sociedade onde está inserida. No filme “ O Menino Selvagem”, Itard obteve resultados significativos na educação do menino Victor, mesmo sendo resultado de imitações, se tivesse utilizado sinais poderia ter tido muito mais sucesso.
A educação dos surdos é como de outra criança qualquer, tendo às condições necessárias, a aprendizagem também ocorrerá. Ainda existem muitos preconceitos em relação aos surdos. Aconteceram muitas mudanças, porém é pouco, precisamos de mais para que todos tenham acesso à cidadania, ao respeito, á educação e a dignidade. Valorizando e divulgando o ensino de LIBRAS, estaremos contribuindo para quebrar paradigmas. É notória e exemplar a organização demonstrada pela comunidade surda, provando que são capazes de lutarem por seus e direitos na sociedade e conquistarem cada vez mais seus espaços.

Minha experiência de convivência com pessoas surdas


Já tive contato na infância, onde tinha uma amiga que era surda. Nossa comunicação era fácil, entendia ela só de olhar. Talvez pela cumplicidade. Porém minha amiga era muito dependente de sua irmã que era um ou dois anos mais nova que nós. Não sei se por orientação da família ou super proteção da própria irmã, o fato era que ela estava sempre junto, adivinhando e traduzindo as vontades de minha amiga. Não conhecia a língua de sinais, mas conhecia minha amiga, queria dizer a ela que não precisava de intérprete, mas nunca tive coragem, tinha medo de expor ela e ofendê-la. Quando mudei de endereço, ainda na infância, não tive mais contato com ela. A última notícia que tive dela foi através de uma reportagem do jornal onde “falava” da inserção de alunos surdos no curso de magistério no Instituto Estadual de Educação de Sapiranga. Apareceu também na televisão. Mas eu nunca mais ouvi falar nada a respeito e também nunca mais a vi. Guardo boas lembranças dela, pelo fato de ser uma grande amiga. Outra experiência que guardo com carinho foi quando, já com 22 anos de idade, trabalhei lecionando teatro em uma escola que tinha uma classe de surdos, uma forte e extraordinária lembrança, foi em uma hora cívica da escola em que o diretor e os alunos interpretaram o hino brasileiro na linguagem de sinais. Foi a vez em que o hino soou mais bonito para mim. É linda a forma como se expressam, principalmente para as pessoas que gostam de teatro, pois é uma linguagem essencialmente teatral, o corpo inteiro fala e eles são tão transparentes, honestos, sinceros... Pois nos mostram a sua essência.
As pessoas surdas apenas se diferem na forma de comunicação. Pude aprender que é preciso estar disposto a observar os gestos, o movimento dos lábios, buscar referências nos símbolos da cultura para se fazer entender e colocar-se frente a frente, pois o visual é muito importante.

“ Seu nome é Jonas”,


Ao assistir o filme “ Seu nome é Jonas”, conclui:
Esse filme me fez refletir sobre o sofrimento desse menino que ocorreu pela ignorância das pessoas, demora no diagnóstico, falta de oportunidades nas instituições de ensino. Acredito que atualmente esses problemas vem sendo superados, principalmente por causa de uma série de fatores, entre os quais destaco:
a sociedade já está aprendendo a conviver com as diferenças;
os avanços tecnológicos e da medicina ajudam num diagnóstico precoce e eficaz;
a educação está mudando, indo de interesse as habilidades e necessidades dos alunos
a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é uma grande conquista e mostra a organização dos surdos, que não devem ser considerados inclusão porque eles apenas tem dificuldades de se expressarem por meio da linguagem considerada “convencional”.

Atividades como essa, da análise do filme, solidificam e intensificam nossas aprendizagens porque nos instigam, promove uma reflexão, uma busca pelo conhecimento, além de comprovar nossos saberes.

A relação existente entre educação e trabalho quando se pensa sobre os espaços da EJA


Na minha opinião, para que a educação básica se torne eficiente, devemos oportunizar a todos a qualidade de aprendizagem. O importante a se considerar é que os alunos da EJA são diferentes dos alunos presentes nos anos adequados à faixa etária. São jovens e adultos, muitos deles trabalhadores, com expectativa de uma melhor qualificação no mercado de trabalho e com um olhar diferenciado sobre as coisas da existência, pois trazem muita bagagem cultural. Devemos levar em consideração que tais alunos já vivenciam práticas de linguagens e “signos” de leituras (símbolos, códigos). Devemos pensar que os espaços da EJA devem promover a autonomia do jovem e adulto de modo que eles sejam sujeitos da aprendizagem, que aprendam em níveis crescentes de apropriação do mundo do fazer, do conhecer, do agir e do conviver.

As relações entre educação e trabalho propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação de Jovens e Adultos



Ao estudar a interdisciplina Educação de Jovens e Adultos, aprendi um pouco mais sobre a LDB, onde fiz uma comparação entre a educação e trabalho dos jovens e adultos que formam a EJA
O art. 37 da LDB, diz que a EJA será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria, por isso deve haver estreita relação entre educação e trabalho, sem que uma prejudique a outro. A EJA não deve ser considerado como um processo inicial de alfabetização. Ela é uma educação que está intimamente relacionada com o trabalho em nossa sociedade contemporânea, sendo chave indispensável para que os professores incentivem os alunos a desenvolver hábitos de leitura e de múltiplas linguagens para que o indivíduo desenvolva sua autonomia
e saiba gerenciar sua vida em busca de boas condições de trabalho. Muitos dos alunos, jovens e adultos, já estão trabalhando e por exigência da empresa precisam voltar a estudar, outros tantos querendo e precisando se inserir no mercado de trabalho. Cabe aos sistemas de ensino assegurar a oferta adequada, específica a este contingente, que não teve acesso à escolarização no momento da escolaridade obrigatória, ou que tiveram uma interrupção forçada seja pela repetência ou pela evasão, seja pelas desiguais oportunidades de permanência ou outras condições adversas.

A relação entre as novas necessidades das economias de produção flexível com o sistema escolar


Utilizando o fragmento de Hilton Japiassu que nos fala da compartimentalização dos saberes e da importância do trabalho integrado, e, conciliando com o texto de Santomé (1998), fiz uma comparação entre as novas necessidades da economia com o sistema escolar, além disso relacionei-o com minha prática e os ideais farroupilhas. Abaixo segue minhas relações:


A educação brasileira, infelizmente, ainda encontra semelhanças com os processos de produção do Taylorismo e do Fordismo. Nestes processos o que menos tem significado é a democratização escolar. A escola, embasada neste processo, preocupa-se com os conteúdos que deve ensinar, sem saber se o aluno necessita ou tem real interesse em aprender aquilo que lhe é imposto.
A escola ainda é vista como um lugar em que o que importa são as notas, “os cadernos cheios” (e as mentes vazias...)... O processo de criação, que leve em consideração as habilidades de cada um, que promova autonomia e criticidade é o que menos interessa. Os alunos não têm seus conhecimentos prévios reconhecidos, por isso a evasão e altos índices de repetência. A obediência e a autoridade, também, são essenciais para manter o atual sistema.
Pensando na relação entre as novas necessidades das economias de produção flexível com o sistema escolar a única maneira seria descentralização do poder para
que os interesses e as necessidades dos alunos e professores sejam reconhecidos. Precisamos envolver toda a comunidade escolar no processo educacional para termos uma gestão mais democrática e participativa. Em nossas escolas, vemos no Projeto Político Pedagógico, uma luz em forma de democracia para resignificar a escola e a educação. Partindo da realidade local, envolvendo todos, criando uma nova identidade para a escola.
Sei que sou repetitiva, mas esse é o ideal em que acredito, uma educação onde cabe a nós professores, irmos além da transmissão de conhecimentos, transformando a nossa sala de aula em um ambiente desafiador, baseado na cooperação, na solidariedade e no respeito às diferenças. Os nossos ideais de educação devem ser os mesmos que os ideais de revolução francesa: “Liberdade, Fraternidade e Igualdade”. Ideais que também inspiraram os “farroupilhas” em 20 de setembro de 1835.

O que fazer para que a pedagogia de Freire funcione?



Precisamos estabelecer com nossos alunos, a “dialogicidade”, ou seja, a essência da pedagogia “freireana”. É preciso alfabetizar de forma consciente, para que a nossa visão de mundo e do nosso aluno possa entrar em sintonia, em harmonia, onde a integração entre pensamento e linguagem constitua uma comunicação eficiente e uma aprendizagem crescente.

Por que trabalhar com temas geradores?


Ao ler sobre Paulo Freire em “A dialogicidade_ essência da educação como prática da liberdade” ( Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.) e “O mentor da educação para a consciência”, refleti acerca da utilização dos Temas Geradores, abaixo segue minhas conclusões:


Através dos temas geradores, Paulo Freire nos mostra o exercício do diálogo para a construção do conhecimento. Nessa concepção, as atividades devem ser baseadas no contexto social, na vida, nos saberes e interesses dos alunos.
Contudo,esse sistema promove debates, pesquisa, leitura e escritas de novos textos relacionados a outras áreas do conhecimento e atividades vivenciadas pelos alunos. A partir da análise da realidade serão levantados os temas, problematizados, interpretados e contextualizados, ampliando a visão de mundo dos sujeitos envolvidos nesse processo de aprendizagem.
Os temas geradores possibilitam a interação com outros temas, gerando novas indagações e descobertas. O conteúdo curricular tem nos temas geradores o início para sua organização e sistematização.
Os temas geradores permitem uma autonomia e criticidade, porque possibilita problematizar a bagagem cultural e letramento que os alunos já trazem. Através do posicionamento dos alunos frente às questões que estão sendo discutidas há uma ampliação do conhecimento, para outro mais sistematizado, que analisa criticamente e se torna capaz de transformar a realidade. O papel do professor deve ser o de coordenador dos debates, fomentando discussões, oportunizando o diálogo a cerca do posicionamento dos alunos. Com isso, o aluno se sente desafiado para aprender coisas novas.

Comênio e minha prática



Ao pesquisar sobre as contribuições de Comênio para a Didática, fiz uma comparação com minha prática, onde encontrei elementos da pedagogia de Comênio. Onde o autor ressalta a consideração do aluno, a capacidade de compreensão, a igualdade para todos, a aprendizagem através experiências e das próprias observações.
Comênio acredita que o bom relacionamento entre professor e aluno é o fundamento para a aprendizagem do aluno. A valorização a inclusão de pessoas com necessidades educativas especiais, também se assemelha. Devemos compreender o nosso aluno e levar em consideração suas aprendizagens e habilidades. Devemos observar o progresso e seguir com ele, não podemos ficar arraigados no passado, considerando a aprendizagem como mera transmissão de conhecimentos, utilizando livros e cartilhas como principais recursos didáticos. Não devemos confundir aprendizagem com “ensinagem”.
Devemos sempre repensar a nossa ação na sala de aula, refletindo a teoria e melhorando a nossa prática.